REJANE DE OLIVEIRA*
No Brasil, a decisão de falar já levou muita gente à
cadeia, ao exílio, à tortura e até mesmo à morte. Sim, “palavras são navalhas”
_ como diz o poeta _ para os ouvidos daqueles que têm mãos de ferro. Mas a
coragem de romper o silêncio sempre pode mudar os rumos da história.
Assim aconteceu durante a ditadura: os sussurros se
transformaram em falas que, juntas, viraram palavras de ordem, e estas, em
cantos. Das cantigas surgiram gritos de guerra dos trabalhadores que, unidos
aos estudantes, ganharam às ruas e à sociedade. Até que a ditadura não mais
silenciasse uma só voz, sem que milhares se revoltassem. E foi assim, graças a
valorosos companheiros, que abolimos a mordaça. Esses camaradas que não se
vendiam, nem se rendiam, têm um valor inestimável, pois, sem a sua coragem,
quanto tempo poderíamos ter perdido?
Os trabalhadores em educação aprenderam a não calar
diante da injustiça. Não aceitam a política de cooptação e continuam
denunciando o descumprimento de leis, as contradições entre programas e
práticas; promessas e ações; e a falta de prioridade no atendimento à população
com educação, saúde e segurança. Lutam com independência pela educação e pelos
trabalhadores. Agem de acordo com sua consciência de classe, é claro!
Mas as palavras dos educadores têm deixado muita gente
incomodada. Gente que aprendeu a se render responde com duríssimas críticas,
tratando como nefastas as alianças feitas com aqueles que sempre estiveram na
luta, em defesa dos trabalhadores.
Ora, é absolutamente legítimo que discordem dos
educadores, que se manifestem, e, até mesmo, é compreensível que exagerem na
veemência das críticas.
Mas o que não dá para entender é que os mesmos que tanto
bradam para condenar a unidade daqueles que querem lutar, agora simplesmente se
calem diante de conchavos completamente à direita, com figuras marcadas por
denúncias de corrupção, como no caso da grande negociata para eleger Renan
Calheiros presidente do Senado.
E um grande silêncio se instala naqueles que não suportam
ver o movimento sindical fazendo a luta e se calam perante uma vergonha
nacional. Parece-me que pela direita, tudo pode. E pela esquerda, o que resta é
a perseguição política.
* Presidenta do CPERS/Sindicato e da Coordenação da CUT
Pode Mais
Fonte: Blog 14º Núcleo do CPERS/Sindicato
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