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00h19min |
O
que o resultado das operações de fiscalização de crimes ambientais
sinalizava, e o governo temia, está sendo confirmado agora por
especialistas em mineração e órgãos ambientais: começou, há quase cinco
anos, a terceira corrida do ouro na Amazônia Legal, com proporções,
provavelmente, superiores às do garimpo de Serra Pelada, no sul do Pará,
no período entre 1970 e 1980.
Nos últimos cinco anos, o Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) desativou 81
garimpos ilegais que funcionavam no norte de Mato Grosso, no sul do Pará
e no Amazonas, na região da Transamazônica. O Ibama informou que foram
aplicadas multas no total de R$ 75 milhões e apreendidos equipamentos e
dezenas de motores e balsas.
Nesta semana, fiscais do Ibama e da Fundação Nacional
do Índio (Funai) e agentes da Polícia Federal, desativaram três
garimpos ilegais de diamante no interior da Reserva Indígena Roosevelt,
em Rondônia. Dezessete motores e caixas separadoras usadas no garimpo
ilegal foram destruídos, cessando o dano de imediato em área de difícil
acesso.
A retomada do movimento garimpeiro em áreas
exploradas no passado, como a Reserva Roosevelt, e a descoberta de novas
fontes de riqueza coincidem com a curva de valorização do ouro no
mercado mundial. No ano passado, a onça – medida que equivale a 31,10
gramas de ouro – chegou a valer mais de US$ 1,8 mil.
Com a crise mundial, a cotação no mercado
internacional, recuou um pouco este ano, mas ainda mantém-se acima de
US$ 1,6 mil. No Brasil, a curva de valorização do metal continua em
ascensão. No início deste ano, o preço por grama de ouro subiu 12%,
chegando a valer R$ 106,49.
“É um valor muito alto que compensa correr o risco da
clandestinidade e da atividade ilegal. Agora qualquer teorzinho que
estiver na rocha, que antes não era econômico, passa a ser econômico”,
afirma o geólogo Elmer Prata Salomão, presidente da Associação
Brasileira de Pesquisa Mineral e ex-presidente do Departamento Nacional
da Produção Mineral (DNPM), ligado ao Ministério de Minas e Energia.
Como a atual corrida do ouro é muito recente, os
dados ainda são precários e os órgãos oficiais não têm uma contagem
global. Segundo Salomão, que presidiu o DNPM na década 1990, depois da
corrida do ouro de Serra Pelada, foram feitos levantamentos que
apontaram cerca de 400 mil garimpeiros em atividade no Brasil.
O secretário executivo da Agência para o
Desenvolvimento Tecnológico da Indústria Mineral Brasileira (Adimb),
Onildo Marini, cita duas regiões em Mato Grosso consideradas
estratégicas para o garimpo: o Alto Teles Pires, no norte do estado, que
já teve forte movimento da atividade e hoje está em fase final, e
Juruena, no noroeste mato-grossense, onde o garimpo foi menos explorado.
“Tem garimpos por toda a região e tem empresas com
direitos minerários reconhecidos para atuar lá”, relata. Como ainda há
muito ouro superficial que atrai os garimpeiros ilegais, a área tem sido
alvo de conflitos. As empresas tentaram solucionar o problema no final
do ano passado, quando procuraram o governo de Mato Grosso e o DNPM. “A
notícia que tive é que a reunião não foi muito boa. Parece que o governo
local tomou partido do garimpo”, disse ele. Procurado pela Agência Brasil, o governo de Mato Grosso não se manifestou.
“Os garimpos mais problemáticos são os de ouro e
diamante. Na Amazônia, incluindo o norte de Mato Grosso, estão os mais
problemáticos e irregulares, tanto por estarem em áreas proibidas, como
por serem clandestinos.”
A Reserva Roosevelt, no sul de Rondônia, a 500
quilômetros da capital, Porto Velho, é outro ponto recorrente do garimpo
ilegal. A propriedade de mais de mil índios da etnia Cinta-Larga, rica
em diamante, foi palco de um massacre, em 2004, quando 29 garimpeiros,
que exploravam clandestinamente a região, foram mortos por índios dentro
da reserva. O episódio foi seguido por várias manifestações dos
Cinta-Largas, incluindo sequestros, que pediam autorização para explorar
a reserva.
“Agora existe um grupo de garimpeiros atuando junto
com os índios, ilegalmente. Agora, eles estão de mãos dadas. A gente viu
fotografias com retroescavadeiras enormes”, diz o geólogo.
Os garimpos na Reserva Roosevelt voltaram a ser
desativados esta semana, quando o Ibama deflagrou mais uma operação na
região, com o apoio da Polícia Federal.
Marini explicou que ainda não é possível contabilizar
os números da atividade praticada ilegalmente na região. “Não há
registro. Na região do Tapajós, onde [o garimpo] está na fase final,
falava-se em valores muito altos, em toneladas de ouro que teria saído
de lá, mas o registro oficial é pequeno, a maior parte é clandestina.
Ouro, diamante e até estanho, que é mais barato, na fase de garimpo,
mais de 90% era clandestino”.
Fonte: Rádio Fandango
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quarta-feira, 15 de agosto de 2012
Amazônia abriga terceira corrida do ouro no Brasil
em » 16/08/2012
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