domingo, 26 de agosto de 2012

A polêmica levantada pelos dados do Ideb

MARINA LIMA LEAL

 

O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é calculado com base no desempenho dos estudantes em avaliações de Língua Portuguesa e Matemática e nas taxas de aprovação, reprovação e evasão escolar.

Para avaliar o desempenho, os alunos do 5º e 9º ano do Ensino Fundamental e os alunos da 3ª série do Ensino Médio, são avaliados a cada dois anos, através da Prova Brasil. Os dados de aprovação, reprovação e evasão, são baseados nas declarações das escolas, através do Censo Escolar, que elas fornecem anualmente.

Os dados do Ideb deveriam ser um instrumento fundamental, para nortear políticas públicas, de mudança e qualificação do ensino, pelo menos este foi o principal objetivo do Ministério de Educação (MEC), ao criar este instrumento.

Na semana que passou, a mídia se ocupou fartamente destes dados, seja para mostrar como “nós gaúchos estamos mal”, para buscar os culpados ou para fazer uma comparação entre as escolas, divulgando, especialmente, as melhores e as piores.

O que a mídia não se deteve a examinar é a relatividade destes testes padronizados que, conforme já dizíamos em artigo publicado em 5 de agosto de 2011, no jornal O Timoneiro, não consideram as diferenças regionais existentes em nosso imenso país e buscam apenas a quantidade, sem levar em conta a qualidade.

Dizia também na ocasião, que nada mais perverso do que classificar, hierarquizar as escolas, estabelecendo as boas e as ruins, estimulando a competição, em lugar de desenvolver a solidariedade entre elas.

Pelo que pude observar, foi exatamente isto que aconteceu. Alguns jornais divulgaram, com riqueza de detalhes, as melhores e as piores. A comunidade escolar das primeiras, com certeza ficou orgulhosa, o mesmo não se pode dizer das que tiraram as piores notas. Estas últimas, com certeza, se sentiram humilhadas, diante da exposição de seus nomes na mídia.

Com esta constatação, me pergunto, se o objetivo para o qual o Ideb foi criado, está sendo alcançado?  Parece-me que não. Esta servindo para outras finalidades, não tão nobres.  

É necessário dizer, mais uma vez, que a educação deve ser prioridade absoluta, não só nos discursos e que é preciso que a escola, através de seus atores – professores, funcionários, pais e alunos - seja ouvida, por quem tem nas mãos, o destino da educação em nosso município, estado e país. Só desta forma, sem colocar as escolas numa prejudicial competição, acharemos, com certeza, os caminhos para a melhoria da educação, desejo não apenas de professores, alunos e pais, mas de toda a sociedade brasileira.

MARINA LIMA LEAL é professora      

Fonte: Portal CPERS/Sindicato

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