sexta-feira, 20 de julho de 2012

Agiotagem legalizada

Rafael Menezes* - 20/07/2012
Não é mais nenhuma novidade que o brasileiro paga um dos maiores juros do mundo. Apesar dos esforços que o governo tem feito para baixar a taxa básica de juros da economia, a Selic, os cartões de crédito continuam andando na contramão e, o pior de tudo, recebendo todo o aval para isso.  Já não bastasse o consumidor pagar uma taxa considerada mais do que abusiva, um recente estudo divulgado pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) constatou que os juros médios anuais, desta modalidade, subiram de 237,9% em janeiro, para 323,14% em junho. A petulância das operadoras de cartão no Brasil é tamanha que esse mesmo estudo mostrou que o segundo país da América Latina com a maior taxa de juros rotativo do cartão de crédito, o Peru, tem uma taxa de 55% ao ano. Por que o brasileiro precisa pagar quase 500% a mais que os peruanos? Até quando iremos sofrer nas mãos desses agiotas legalizados?

O cartão de crédito, há muito tempo, deixou de ser um luxo disponível para poucos. Hoje em dia as pessoas estão utilizando o cartão para financiar alimentos e despesas da casa quando o salário não alcança o final do mês (o que não é raro acontecer). E com isso muitas pessoas estão deixando de comer para pagar juros. É uma armadilha vergonhosa e desumana. Quando o cliente não consegue pagar, o banco simplesmente aumenta o limite e continua debitando taxas e juros extorsivos, criando uma bola de neve. Não adianta o governo apenas baixar as taxas para incentivar o consumo e depois deixar o povo ainda mais endividado, pagando juros exorbitantes para tentar manter o crédito na praça. É preciso uma política concisa, que barre essas cobranças abusivas que só prejudicam o desenvolvimento do País.
*Advogado
http://jcrs.uol.com.br/site/noticia.php?codn=98933
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