Muita gente quebrou a cabeça e gastou dinheiro para aprender as novas
regras de ortografia, que começaram a ser adotadas em 2009.
Passaram a valer, mas não de verdade. Noticia-se agora que o acordo com
Portugal e outros países de língua portuguesa vai ter seu prazo
internacional de vigência adiado para 2016.
É que em Portugal será preciso, dizem, um pouco mais de tempo para a
adaptação às novas normas de grafia. Mudou-se mais lá do que cá. Os
portugueses ainda escrevem "objectivo" e "acção", por exemplo.
Os problemas dos brasileiros com as novas regras se concentram, em
grande parte, na questão do hífen (aliás, nunca se soube direito para
que tanta preocupação com um simples tracinho?). Por exemplo: o certo
antes era "contra-regra", e agora é "contrarregra".
Contra a regra, mesmo, relevam-se alguns senadores da República.
Aproveitando o adiamento do prazo para o acordo, parlamentares sugerem
mais uma rodada de modificações no jeito de escrever.
O resultado de novas mudanças será apenas mais confusão e prejuízos para
quem comprou dicionários e livros didáticos atualizados.
É verdade que algumas coisas ficaram confusas depois do acordo. Tirou-se
o acento que diferenciava o antigo "pára" (do verbo parar) da
preposição "para". Assim, fica mais difícil de entender uma frase como
"lei para negociatas no mercado de livro didático".
Seria uma lei destinada a trazer altos lucros para quem produz os livros
escolares comprados pelo governo? Ou uma lei com o objetivo de parar
com os contratos duvidosos no setor? Essa dúvida nenhum gramático parece
capaz de resolver.
Editorial desta terça-feira (1 de janeiro/2013), jornal Agora S. Paulo.
SECOM/CPP.
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