Um ato internacional em solidariedade à Palestina. Assim os organizadores do Fórum Social Mundial Palestina Livre resumiram o evento promovido em Porto Alegre nos últimos três dias. As conversas entre 300 entidades de 36 países sobre o futuro dos palestinos encerraram neste sábado (1º), e resultaram em um documento de 15 itens. O texto é o original escrito antes da realização do fórum e sintetiza os principais objetivos da comunidade internacional e palestina.
As atividades autogestionárias realizadas pelos movimentos sociais internacionais de forma paralela às principais conferências do Fórum acrescentaram visões e ideias para levar adiante a luta de apoio ao estado palestino. As próximas atividades dos grupos reunidos na capital gaúcha desde o dia 29 de novembro ainda serão sintetizadas em um cronograma. Na assembleia geral de encerramento, foi anunciada uma missão internacional à Palestina para março ou abril de 2013. Foi proposta também a criação de um Comitê Internacional em Solidariedade à Palestina que reúna as organizações participantes do fórum.
Está sendo estudada ainda a criação de um Dia Comum de Ação Global pela liberdade dos palestinos na ocupação israelense. Os dias avaliados são 30 de março, Dia da Terra Palestina e 17 de abril, Dia em Homenagem aos Prisioneiros Palestinos. “Ainda estamos reunindo as ideias que foram dadas aqui. Não tem nada decidido. A única coisa que está acordada e para a qual já estamos desenhando um plano de ação global é a campanha de Boicote, Desinvestimentos e Sanções (BDS) a Israel”, explicou uma das coordenadoras do fórum, Alessandra Ceregatti.
O boicote comercial aos produtos israelenses foi o principal pano de fundo dos movimentos sociais que organizaram o fórum. Na plenária final, todos bradaram em um mesmo sentido e deverão voltar para os seus países com a mesma missão: pressionar os governos e empresas a cortar relações com Israel.
O ex-prisioneiro palestino em Israel e membro do movimento Stop The Wall, Jamal Juma citou um dos principais inimigos dos direitos humanos para o povo palestino como exemplo das barreiras econômicas que precisam ser rompidas para o fim da luta armada de Israel com Palestina. “A companhia britânico-holandesa G4S mantém o colonialismo palestino. Estamos nos tornando um movimento global aqui neste fórum que pode contribuir para termos mais agilidade em pressionar pelo corte de relações dos países com este tipo de companhia”, alertou.Para ele, o Fórum Mundial Palestina Livre contribuirá para aumentar as ações da campanha BDS ao redor do mundo. “Esta rede de solidariedade pode funcionar como no caso da África do Sul. Esta é a hora da Palestina. Precisamos agir e boicotar Israel para acabar com o colonialismo e o apartheid em que vivem os palestinos”, pediu.
Governo brasileiro assume compromisso com entidades para tratar da questão palestina
Presente ao evento, a ministra Maria do Rosário teceu palavras de apoio do governo brasileiro ao povo palestino. A União apoiou a realização do fórum desde o começo, quando a Central Única dos Trabalhadores (CUT) acordou que o Brasil sediaria o Fórum, durante o Fórum Social Mundial de Dakar. Nos próximos dias, a CUT e o governo federal terão reunião para tratar das relações internacionais que o Brasil estabelece com Israel.
O Fórum Social Mundial Palestina Livre aconteceu no Brasil à luz do histórico reconhecimento da Autoridade Palestina como estado não-membro pelas Nações Unidas e do recente ataque de Israel à Faixa de Gaza. Os dois fatos estiveram presentes nas discussões e nortearam as resoluções propostas na assembleia final. “Porto Alegre instalou um fórum pela liberdade palestina com mais de 5 mil participantes e marchou pela autodeterminação deste povo no mesmo dia em que fomos reconhecidos pela ONU. Foram dois passos importantíssimos para pressionar Israel a cessar a luta armada. Eles que decidirão se vão escolher este caminho ou lutar contra o mundo inteiro, pois o mundo inteiro é a favor do direito do estado palestino”, avaliou o representante da Federação Palestina no Brasil, Emir Murad.
Para ele, “a força imperial por armas e massacres não resolverá mais o problema entre israelenses e palestinos. Tem que haver uma mesa de negociação e discussão entre dois estados reconhecidos pela ONU”.
A preocupação com as ações combinadas por meio do documento de referência do evento revela uma luta de 65 anos do povo palestino pela garantia dos direitos essenciais, como a vida e a dignidade humana. A importância do encaminhamento do texto às delegações participantes do fórum foi tanta que lideranças árabes sem direito à voz na assembleia final se exaltaram. Um impasse na hora das falas dos inscritos, após a leitura do documento, foi solucionado quando todos entenderam que estava querendo dizer a mesma coisa: Palestina Livre.
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