sábado, 16 de junho de 2012

Sociedade deve cobrar que acordos saiam do papel, diz economista


RIO + 20

A sociedade precisa se organizar para garantir que os acordos assinados entre governos realmente saiam do papel, disse neste sábado o professor da Universidade de Columbia, Jeffrey Sachs. Citando o exemplo da Eco92, ressaltou que o simples firmamento de documentos não é eficaz e alertou para a necessidade da criação de uma rede global de solução de problemas.

"Podemos nos unir para ter uma geração que pensa de forma geral e compartilhada. Não vamos esperar que governos se mobilizem, vamos trabalhar juntos para progredir. Nossos líderes vão seguir isso, porque eles querem ficar no poder, precisam disso", afirmou, durante debate na Rio+20, conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre desenvolvimento sustentável que está sendo realizada na capital fluminense. 

"Assinar acordo não é eficaz. Eles não são implementados porque a sociedade não se organiza em torno disso. A maior parte do mundo não tem plano de ação, o caminho para chegar a até lá", acrescentou. 

Os acordos firmados na Eco92 foram elogiados por Sachs. Ele, no entanto, salientou que os tratados não deram certo porque não foram colocados em prática. Citou o exemplo das emissões de poluentes na atmosfera, que cresceram significativamente nos últimos 20 anos, e lembrou que o mundo está pior na questão climática, com "desertos piores e grandes secas no norte da África". "Houve pouquíssimas mudanças. Os governos não vão nos tirar dessa confusão. É responsabilidade da sociedade chegar e exigir as coisas", observou. 

Sachs alertou que o mundo precisa voltar seus olhos para quatro questões urgentes dentro das metas de desenvolvimento sustentável: reduzir as emissões de carbono, solucionar a questão alimentar, tornar as cidades mais sustentáveis e adequar a indústria às novas demandas ambientais.
Em linha com o pensamento de Sachs, Caio Koch-Weser, vice-presidente do Deutsche Bank, comentou que o sistema político está sobrecarregado em vários países, com necessidade de liderança, que pode vir de dentro da sociedade. 

Os economistas participaram do painel de discussões "Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável", no qual foi debatido o desenvolvimento sustentável como resposta às crises econômicas e globais. A atual crise econômica que afeta especialmente os países da Europa foi bastante lembrada. 

Yilmaz Akyuz, da ONU, disse que os países desenvolvidos chegaram a um consenso de que a arquitetura do sistema financeiro teria que mudar, mas que, na prática, nada foi feito. Ressaltou ainda para o fato de a questão do desenvolvimento sustentável não estar inserida nessa discussão. "Precisamos de uma reforma geral do sistema financeiro internacional, que não contempla desenvolvimento sustentável. Pode ser feito por força tarefa intergovernamental dentro da ONU para trazer soluções que apoiem o desenvolvimento sustentável", comentou. 

Para Enrique Iglesias, secretário geral da Organização Ibero Americana, o foco central da discussão em torno de um novo rumo para a economia mundial deve levar em conta a sustentabilidade. "O mundo que vai aparecer não é o que deixamos. Teremos uma economia baseada em conhecimento e novas demandas. Temos que conseguir consciência crítica para que todos se comprometam com novo mundo", afirmou.

Sobre a Rio+20

Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.

Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade civil. Já de 20 a 22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.

Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda fortalecida após o encontro.

Fonte: Portal Terra

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