RIO + 20
A sociedade precisa se organizar
para garantir que os acordos assinados entre governos realmente saiam do papel,
disse neste sábado o professor da Universidade de Columbia, Jeffrey Sachs.
Citando o exemplo da Eco92, ressaltou que o simples firmamento de documentos
não é eficaz e alertou para a necessidade da criação de uma rede global de
solução de problemas.
"Podemos nos unir para ter uma geração que
pensa de forma geral e compartilhada. Não vamos esperar que governos se
mobilizem, vamos trabalhar juntos para progredir. Nossos líderes vão seguir
isso, porque eles querem ficar no poder, precisam disso", afirmou, durante
debate na Rio+20, conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre
desenvolvimento sustentável que está sendo realizada na capital fluminense.
"Assinar acordo não é eficaz. Eles não são
implementados porque a sociedade não se organiza em torno disso. A maior parte
do mundo não tem plano de ação, o caminho para chegar a até lá",
acrescentou.
Os acordos firmados na Eco92 foram elogiados por
Sachs. Ele, no entanto, salientou que os tratados não deram certo porque não
foram colocados em
prática. Citou o exemplo das emissões de poluentes na
atmosfera, que cresceram significativamente nos últimos 20 anos, e lembrou que
o mundo está pior na questão climática, com "desertos piores e grandes
secas no norte da África". "Houve pouquíssimas mudanças. Os governos
não vão nos tirar dessa confusão. É responsabilidade da sociedade chegar e
exigir as coisas", observou.
Sachs alertou que o mundo precisa voltar seus
olhos para quatro questões urgentes dentro das metas de desenvolvimento
sustentável: reduzir as emissões de carbono, solucionar a questão alimentar,
tornar as cidades mais sustentáveis e adequar a indústria às novas demandas
ambientais.
Em linha com o pensamento de Sachs, Caio
Koch-Weser, vice-presidente do Deutsche Bank, comentou que o sistema político
está sobrecarregado em vários países, com necessidade de liderança, que pode
vir de dentro da sociedade.
Os economistas participaram do painel de
discussões "Diálogos para o Desenvolvimento Sustentável", no qual foi
debatido o desenvolvimento sustentável como resposta às crises econômicas e
globais. A atual crise econômica que afeta especialmente os países da Europa
foi bastante lembrada.
Yilmaz Akyuz, da ONU, disse que os países
desenvolvidos chegaram a um consenso de que a arquitetura do sistema financeiro
teria que mudar, mas que, na prática, nada foi feito. Ressaltou ainda para o
fato de a questão do desenvolvimento sustentável não estar inserida nessa
discussão. "Precisamos de uma reforma geral do sistema financeiro
internacional, que não contempla desenvolvimento sustentável. Pode ser feito
por força tarefa intergovernamental dentro da ONU para trazer soluções que
apoiem o desenvolvimento sustentável", comentou.
Para Enrique Iglesias, secretário geral da
Organização Ibero Americana, o foco central da discussão em torno de um novo
rumo para a economia mundial deve levar em conta a sustentabilidade. "O
mundo que vai aparecer não é o que deixamos. Teremos uma economia baseada em
conhecimento e novas demandas. Temos que conseguir consciência crítica para que
todos se comprometam com novo mundo", afirmou.
Sobre a Rio+20
Vinte anos após a Eco92, o Rio de Janeiro volta a receber governantes e sociedade civil de diversos países para discutir planos e ações para o futuro do planeta. A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, que ocorre até o dia 22 de junho na cidade, deverá contribuir para a definição de uma agenda comum sobre o meio ambiente nas próximas décadas, com foco principal na economia verde e na erradicação da pobreza.
Composta por três momentos, a Rio+20 vai até o
dia 15 com foco principal na discussão entre representantes governamentais
sobre os documentos que posteriormente serão convencionados na Conferência. A
partir do dia 16 e até 19 de junho, serão programados eventos com a sociedade
civil. Já de 20 a
22 ocorrerá o Segmento de Alto Nível, para o qual é esperada a presença de
diversos chefes de Estado e de governo dos países-membros das Nações Unidas.
Apesar dos esforços do secretário-geral da ONU
Ban Ki-moon, vários líderes mundiais não estarão presentes, como o presidente
americano Barack Obama, a chanceler alemã Angela Merkel e o primeiro ministro
britânico David Cameron. Ainda assim, o governo brasileiro aposta em uma agenda
fortalecida após o encontro.
Fonte: Portal Terra
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