RS e RN não cumpriram regra de investimento mínimo em educação
04 de junho de 2012 • 09h29 • atualizado às 09h42
A Constituição Federal determina que Estados e
municípios devem investir em educação pelo menos 25% de sua arrecadação com o
Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS). Levantamento feito por meio do Sistema de
Informações sobre Orçamentos Públicos em Educação (Siope) mostra que em 2010
pelo menos dois Estados e 52 municípios não cumpriram a regra. Eles aplicaram
percentuais inferiores ao que estabelece a lei. Há ainda 60 cidades que não
informaram os dados ao sistema, administrado pelo Fundo Nacional de
Desenvolvimento da Educação (FNDE), e que também são consideradas em situação
irregular. Os dados de 2011 ainda não foram consolidados.
Na lista dos Estados que não cumpriram o mínimo
em 2010 estão o Rio Grande do Sul e o Rio Grande do Norte. De acordo com a
secretária de Educação do Rio Grande do Norte, Betania Ramalho, até a gestão
anterior os gastos com aposentados eram computados no cálculo feito pelo
Estado, o que não é permitido pelas regras do Siope. Por isso, em 2010 o
patamar de investimento ficou em 22,4%. "A partir de 2011, nós
desagregamos esses dados e identificamos que isso feria uma demanda da
Constituição. Neste ano, já estamos retirando os aposentados do cálculo, mas
isso será feito em escalonamento", explicou a secretária.
O Rio Grande do Sul foi o Estado que aplicou o
menor percentual em educação em 2010: 19,7%. O secretário de Educação, Jose
Clovis de Azevedo, culpa o governo anterior. Segundo ele, houve um decréscimo
dos investimentos na área entre 2008 e 2010. "Em 2011, já sabemos que
investimos 28%, recuperando um pouco a perda. Certamente em 2012 o investimento
será ainda maior", disse. A conta que o estado gaúcho fez para 2011,
entretanto, inclui os gastos com aposentadoria que não são contabilizados pelo
Siope. De acordo com Azevedo essa metodologia é aceita pelo Tribunal de Contas
do estado. Em outras unidades da Federação também há divergência sobre a
inclusão dos aposentados no cálculo e não há um entendimento comum sobre a
regra, apesar de o governo federal não considerar esse gasto um investimento
direto em educação.
Para a presidenta da União Nacional dos
Dirigentes Municipais de Educação (Undime), Cleuza Repulho, as 52 cidades que
não investiram o mínimo constitucional nas suas redes de ensino representam um
número pequeno se for considerado o total de prefeituras no país: 5.565. Ela
avalia, entretanto, que o problema não pode ser desprezado. "O percentual
é pequeno, mas para as crianças desse município que investiu menos significa
muito. A nossa maior preocupação é que as crianças não podem dar a sorte ou o
azar de nascer em um município onde o gestor se preocupa mais ou menos com
educação; A vinculação é necessária e precisa ser cumprida", defende.
Para Cleuza, o problema ocorre, em muitos casos,
pela má gestão do dinheiro. A maioria dos secretários de Educação não é o
gestor pleno dos recursos para a área, que acabam administrados pelas
secretarias de Finanças ou Planejamento. Dessa forma, é mais difícil ter um
controle rigoroso do que é aplicado. "Com isso, o grau e a importância dos
recursos da educação se diluem na administração pública".
Na lista dos municípios
"inadimplentes", a maioria é do Rio Grande do Sul (nove), Paraná
(sete), de Minas Gerais (sete) e São Paulo (seis). O restante das prefeituras
que não cumpriram a regra é do Acre, de Alagoas, do Amazonas, Amapá, da Bahia,
do Ceará, Espírito Santo, de Goiás, do Maranhão, Pará, de Pernambuco, do Piauí,
Rio de Janeiro, de Roraima e Sergipe.
As informações incluídas pela prefeitura ou pelo
governo estadual no Siope são declaratórias e a veracidade dos dados é de
responsabilidade do ente federado. Quando o FNDE detecta que um município
aplicou menos do que determina a Constituição, as informações são
automaticamente enviadas ao Ministério Público Federal (MPF) que as encaminha a
um promotor de justiça do Estado. "O governo municipal ou estadual terá a
chance de se defender e pode ser aberto um inquérito civil público",
explica o coordenador do Siope, Paulo Cesar Malheiros. O ente federado também
pode ficar impossibilitado de receber recursos de transferências voluntárias do
governo federal.
Fonte: Portal Terra
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