O Sindicato dos Professores do Amapá protocolou
na manhã desta quarta-feira, na Assembleia Legislativa, uma representação por
crime de responsabilidade contra o governador Camilo Capiberibe (PSB). A ação,
acompanhada por um abaixo-assinado com aproximadamente 2 mil assinaturas, foi
encaminhada à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) pelo presidente da Casa
em exercício, deputado Júnior Favacho (PMDB). Se for acatada e aprovada pelo
plenário, o governador será afastado do cargo por 180 dias até a conclusão das
investigações, que pode ou não resultar no impeachment de Capiberibe.
O sindicato deu entrada na representação às 11h.
Um dos advogados que assina a petição, Waldeci Alves, defendeu uma apuração
rigorosa das denúncias contra Camilo Capiberibe. "O governador cometeu
crime de responsabilidade ao violar a lei do piso", sustenta o jurista.
"Além de quebrar o pacto federativo, o governador se coloca acima da
Constituição Federal, justamente por não reconhecer a lei federal, que é
competência da União, que cria um piso nacional mínimo", emendou.
A ação é respaldada pela Constituição Estadual,
conforme prevê os artigos 120 e 121. O texto diz que "nesta situação de
violação da lei federal, a decisão judicial, no caso do Supremo Tribunal
Federal, cabe à abertura de um processo por crime de responsabilidade".
O presidente em exercício recebeu das mãos do
advogado a representação com o abaixo-assinado. "Vamos encaminhar à
Comissão de Constituição e Justiça para que seja feito todo o tramite que o
caso requer. A CCJ irá analisar a representação e encaminhar um parecer ao
plenário. Caso seja pela culpabilidade e o parlamentar acatar, o governador
será afastado automaticamente do cargo e será aberto o processo de
impeachment", explica.
De acordo com o advogado, o Amapá não paga o piso
de R$ 1.451. Destaca ainda a proposta do Executivo rejeitada pela própria
Assembleia Legislativa. "Ele tentou fraudar a lei do piso dando
remuneração e não adotando o valor mínimo estipulado pela União como vencimento
base, como determina a lei".
Os professores estão em greve há mais de 60 dias.
A categoria cobra a implantação do piso, o governo está oferecendo 15,56%, 8%
do reajuste linear dado a todos os servidores e mais 7,56% aos profissionais da
Educação. Atualmente, o teto salarial pago pelo Estado é de pouco mais de R$ 1
mil.
Procurada, a assessoria do governo do Estado do
Amapá disse que já foram realizadas sete reuniões entre o sindicato dos
professores e o governo para tentar chegar a um acordo sobre as reivindicações
da categoria. "Durante as negociações, o governo do Amapá agiu de maneira
transparente, abrindo suas contas e demonstrando a incapacidade financeira e
orçamentária de conceder o reajuste solicitado pela categoria. Se o fizesse, o
Estado avançaria sobre o limite de gastos com pessoal imposto pela Lei de
Responsabilidade Fiscal", diz a nota divulgada pela assessoria.
Fonte: Portal Terra - 27/6/12