domingo, 4 de março de 2012

Os números do Piso

04.03.12 - 21:30
O Governo Tarso surpreende.

De tão surpreendente, consegue superar-se na capacidade de repetir estratégias antigas, repetindo o passado na construção de engodos.

Tamanha foi a pressão do CPERS/Sindicato para que o Executivo apresentasse um calendário para o pagamento do Piso que  um cronograma apareceu.

Tarso apresentou, através de um malabarismo de números, quanto seria o vencimento de um educador em final de carreira, considerando todas as vantagens (classes, triênios), em novembro de 2014, e jogou os números na mídia. Convém ressaltar que a maioria dos professores, no momento da aposentadoria, não chega a alcançar as últimas classes do Plano de Carreira.

Governos passados usaram estratégias semelhantes.

Mas, afinal, o que ficou comprovado com toda a encenação promovida pelo governo?

A resposta é por de mais evidente: Se o governo Tarso realmente fosse cumprir a Lei o Piso, não precisaria desse teatro todo. Ou seja, se o Executivo estadual, efetivamente, cumprisse a Lei Federal do Piso, não haveria necessidade de comprar páginas inteiras de jornais para tentar enganar os educadores e a sociedade gaúcha com a sua proposta, que não passa de outro engodo.

Basta observar alguns números, sem malabarismos.

Para o Executivo, cumprir a Lei do Piso, tomando como base o que vigorou desde janeiro de 2011, o reajuste deveria ser em torno de 50%. Veja bem, esse é o índice de correção correspondente ao Piso que está em vigor desde o ano passado.

Com o reajuste anunciado de 22,22% sobre o valor do ano passado recentemente divulgado a diferença entre o Piso da rede estadual gaúcha e o Nacional bate próximo aos 80%. Esse teria que ser o reajuste, retroativo a Janeiro de 2012.

Essa é a verdade matemática, sem ginásticas de números e sem teatralização.

Continuando o assunto sobre números, não podemos deixar de mencionar outro item da Lei Piso, que é o 1/3 da carga horária destinado a atividades. O subterfúgio que o governo gaúcho está usando, a hora-relógio, é a mesma que governos anteriores tentaram, e  igual ao subterfúgio usado pelo governo do PSDB em São Paulo. Busca-se economizar às custas do sacrifício dos educadores.

A história se repete. Os professores de história poderão confirmar esse fenômeno com mais legitimidade. Os sindicalistas e ex-sindicalistas, também.

E os números? Esses jogamos, pra lá e pra cá, só para enganar os incautos. É bom lembrar que a internet tem ajudado muito a desmistificá-los quando usados com malícia.    

Finalizando, reafirmo que Piso Nacional é Lei.  E lei deve ser cumprida! Ou devemos ensinar algo diferente aos alunos nesse início de ano letivo. Afinal, como me disse um aluno no ano passado: “Como que o governo não cumpre a lei? E arrematou: o exemplo vem de cima...”  Sem malabarismos e sem encenação,  completo eu.

Siden Francesch do Amaral, Professor Estadual.

Mercadante tem 'opinião furada' sobre piso de professores, diz Tarso
FELIPE BÄCHTOLD, DE PORTO ALEGRE - 03/03/2012 - 09h28
Uma declaração do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), a respeito do ministro da Educação, Aloizio Mercadante (PT), pode abrir uma crise entre dois expoentes do partido.

Tarso disse ontem que o ministro tem uma opinião "totalmente furada" sobre o pagamento do piso nacional para os professores da rede pública.

O ministério havia anunciado na segunda-feira o reajuste do piso para R$ 1.451, com correção atrelada ao aumento no valor gasto por aluno no Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica).

A medida dificultou ainda mais o cumprimento da lei pelo governo Tarso. Hoje, o Estado paga R$ 791 por jornada de 40 horas ao professor sem graduação universitária.

"A opinião do Mercadante é uma opinião, do ponto de vista jurídico, totalmente furada e que não tem respaldo na realidade jurídica do país e nem nas relações federativas", declarou Tarso em entrevista à rádio Gaúcha.

O governador acrescentou: "Piso é um valor constante, atualizável pela inflação. Sou totalmente favorável ao piso do Fundeb, mas quem o instituiu deve repassar recursos a Estados e municípios para complementá-lo", declarou.

GESTÃO NO MEC
O governador gaúcho comandou o Ministério da Educação de janeiro de 2004 a julho de 2005, durante a primeira gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2006), que elaborou a lei de remuneração nacional --aprovada pelo Congresso em 2006.

Mercadante era o líder do governo no Senado na época em que Tarso era ministro.

Na mesma entrevista, ontem, o hoje governador foi questionado sobre a obrigatoriedade desse pagamento pelos Estados. "Eu responderia ao Mercadante: então me dá o dinheiro", disse.

MERCADANTE
Procurado pela Folha, o ministro da Educação não comentou as declarações do correligionário até o começo da noite de ontem.

No anúncio do novo valor, Mercadante disse que o reajuste era "forte" e que demandaria "esforço muito grande para Estados e prefeituras".

Nesta semana, prefeitos e dez governadores foram ao Congresso Nacional pedir mudanças na aplicação da lei do piso do magistério por conta de seu impacto nas contas públicas.

Existe o receio de que o não cumprimento da norma estimule greves pelo país.

No Rio Grande do Sul, os professores fizeram uma assembleia ontem e ameaçaram paralisar as atividades. O governo petista apresentou na semana passada um cronograma de reajustes em que o salário básico continua abaixo do valor nacional.
http://www1.folha.uol.com.br/poder/1056629-mercadante-tem-opiniao-furada-sobre-piso-de-professores-diz-tarso.shtml

O barulho da carroça...

Certa manhã, meu pai, muito sábio, convidou-me a dar um passeio no bosque e eu aceitei com prazer. Ele se deteve  em uma  clareira e depois de um pequeno silencio me perguntou:
Além do cantar dos pássaros, você está ouvindo mais alguma coisa?
Apurei os ouvidos alguns segundos e respondi:
- Estou ouvindo um barulho de carroça.
- Isso mesmo, disse meu pai, é uma carroça vazia ....

Perguntei ao meu pai:
Como pode saber que a carroça está vazia, se ainda não a vimos?
Ora, respondeu meu pai. É muito fácil saber que uma carroça está vazia por causa do barulho. Quanto mais vazia a carroça, maior é o barulho que faz.

Tornei-me adulto, e até hoje, quando vejo uma pessoa falando demais, gritando (no sentido de intimidar), tratando o próximo com grossura inoportuna, prepotente, interrompendo a conversa de todo mundo, e querendo demonstrar que é a dona da razão e da verdade absoluta, tenho a impressão de ouvir a voz do meu pai dizendo:

Quanto mais vazia a carroça, mais barulho ela faz...

Por Sergio Weber, Professor Estadual.
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