Pelo
menos seis mulheres foram mortas no Rio Grande do Sul nos últimos oito
dias. Os dados se juntam às estatísticas da Secretaria da Segurança
Pública, que contabilizou 42 mulheres assassinadas entre janeiro e maio
no Estado, mais da metade pelo próprio parceiro. Em igual período do ano
passado, o número foi de 45 vítimas.
O
episódio mais recente se tornou público nesta terça-feira, em Capão da
Canoa, no Litoral Norte. A bacharel em direito Silvia Rosane Santos de
Miranda, 39 anos, foi encontrada morta em casa, na segunda-feira.
Conforme a titular da Delegacia de Polícia do município, Walquíria
Meder, o corpo estava caído no quarto, com marcas de tiro de pistola. A
polícia suspeita de crime passional.
Coordenadora
do Coletivo Feminino Plural, Telia Negrão chama atenção para os
índices. Segundo a especialista, eles refletem uma deficiência das
políticas públicas, que não conseguem garantir às mulheres uma rede que
as protejam após o registro da ocorrência. Para Telia, os mecanismos
também precisam estar integrados, e o assunto tem de ser tratado em
diferentes esferas, por meio de campanhas, escolas e famílias, por
exemplo.
O
coordenador do Centro de Apoio Operacional Criminal do Ministério
Público, que tem por objetivo articular ações relacionadas à Lei Maria
da Penha, aponta entraves da legislação para punir quem pratica a
violência contra a mulher.
—
As penas de lesão corporal e de ameaça são muito brandas, e culturais,
já que não há uma conscientização sobre a gravidade da violência contra a
mulher, o que gera uma certa paralisação dos poderes públicos sobre a
necessidade de aprimorar os mecanismos de enfrentamento do problema,
como varas judiciais especializadas e redes de atendimento — afirma o
promotor David Medina, acrescentando que o grupo suscitou a criação da
Promotoria de Justiça Especializada, cujo projeto tramita no Conselho
Superior do MP.
Ruth
Ignacio, professora do Departamento de Sociologia da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), faz um resgate
histórico para explicar a violência contra a mulher. A socióloga afirma
que a prática surge com a propriedade privada e a noção de hierarquia
familiar. Ao longo dos anos, conquistas femininas e momentos de
protagonismo na sociedade deram condições para que o assunto seja
discutido abertamente.
Com informações de zerohora.com
Fonte: Portal CPERS/Sindicato
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