domingo, 9 de junho de 2013

Revista Veja terá de indenizar professor retratado como esquerdista

Editora recorreu da decisão e informou que a gravação da aula demonstra os ensinamentos do autor; professor entende que a reportagem distorceu fatos

 

A Justiça decidiu em primeira instância que a Editora Abril terá de indenizar em R$ 80 mil um professor de História de Porto Alegre porque veiculou reportagem com fatos "descontextualizados e distorcidos". O educador entrou com ação por danos morais depois que apareceu em uma edição da revista Veja em 2008, quando foi citado na matéria "Prontos para o século XIX", que expõe como educadores e instituições de ensino "incutem ideologias anacrônicas e preconceitos esquerdistas nos alunos", conforme descrito pelas jornalistas Mônica Weinberg e Camila Pereira.

A decisão da 10ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS) também reitera uma determinação anterior, datada de outubro, que condena os réus a publicarem na revista, sem qualquer custo para o autor, a sentença condenatória. No processo, o professor Paulo Fiovaranti, do Colégio Anchieta, destacou um trecho da publicação.

"Ele pergunta: 'Quem provoca o desemprego dos trabalhadores, gurizada?'. Respondem os alunos: 'A máquina'. Indaga, mais uma vez, o professor: 'Quem são os donos das máquinas?'. E os estudantes: 'Os empresários!'. É a deixa para Fiovaranti encerrar com a lição de casa: 'Então, quem tem pai empresário aqui deve questionar se ele está fazendo isso'. Fim de aula".

A defesa das jornalistas argumentou que a equipe da revista foi autorizada a assistir as aulas, assim como fotografar e divulgar os nomes dos professores citados, e informou que a gravação da aula demonstra os ensinamentos do autor, evidenciando que não se observa neutralidade política na aula ministrada. Para o professor, no entanto, a reportagem distorceu fatos ocorridos em sala de aula.

A juíza Laura de Borba Maciel Fleck entendeu que a publicação deixou de registrar que o professor ministrava aula sobre a Revolução Industrial, no século 18, estabelecendo relações entre o passado e o presente, a fim de estimular a atenção e o raciocínio dos alunos. Ambas as partes recorreram da decisão. A revista pede a reversão completa da decisão, enquanto o educador quer o aumento do valor da indenização por dano moral.

Fonte: Portal Terra

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