Sepe aprovou ata em que declara apoio incondicional aos mascarados nas ações policiais e quer organizar defesa próprias nas próximas manifestações
O Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação
(Sepe) do Rio de Janeiro aprovou em assembleia realizada nesta
quarta-feira, no Clube Municipal, na Tijuca, zona norte do Rio de
Janeiro, apoio incondicional aos Black Blocs diante das ações policiais
nas próximas manifestações e quer organizar um grupo de autodefesa da
categoria para os próximos atos – nesta quinta-feira está marcado outro
protesto dos docentes, em greve há quase dois meses.
Esta é a primeira vez que o sindicato, que vem batendo
de frente com a Prefeitura contra o Plano de Cargos, Carreiras e
Remunerações (PCCR) aprovado pela Câmara de Vereadores e promovendo
seguidas manifestações reivindicando gratificações e aumento salarial
para a categoria, declara estar de acordo com a participação dos
mascarados nos atos.
A decisão ocorre mesmo diante do fato de que os professores não participam do vandalismo promovido pelo grupo de preto, que na última segunda-feira tentou incendiar a Câmara, quebrou agências bancárias e ateou fogo num ônibus em plena avenida Rio Branco, coração do centro do Rio. Diz o texto, escrito à mão, lido e aprovado na assembleia do Sepe, que “toda ajuda é bem-vinda desde que se submeta às concepções e condições da nossa categoria” e que, portanto, “defendemos incondicionalmente os Black Blocs das ações policiais”.
“Não podemos falar em nome desses setores, mas a categoria teve uma boa recepção à atitude desses no dia 1º de outubro, quando fomos duramente reprimidos e estes grupos radicais saíram em nossa defesa”, declarou ao Terra Ivanete Conceição Silva, coordenadora geral do Sepe, acerca da aprovação do PCCR pelos vereadores, dia em que a Cinelândia, mais uma vez, tornou-se palco de confrontos, com os docentes em meio a bombas e gás lacrimogêneo. Na ocasião, os Black Blocs defenderam os docentes em greve da PM.
“Sobre a ação acontecida (na última segunda-feira), nós
não somos defensores de atos de violência e dano ao patrimônio. Não
temos acordo com essas ações”, deixou claro ainda Ivanete, que disse
ainda duvidar dos que colocam a culpa nos Black Blocs na totalidade dos
atos de vandalismo, sempre subsequentes às passeatas pacíficas. “As
ações de quebra-quebra e queima de ônibus nos parecem algo orquestrado
por outros setores, muito mais do que os grupos radicalizados que estão
vindo às ruas fazerem suas manifestações”, completou.
Para Suzana Gutierrez, uma das coordenadoras do Sepe,
“quem começou o processo de truculência e arbitrariedade foi o
governador Sérgio Cabral e o prefeito Eduardo Paes ao utilizarem a força
policial fortemente armada contra os profissionais de educação.
Obviamente, isto fez com quem outros grupos nos apoiassem. Para nós, não
há criminalização nenhuma para professores e manifestantes”.
Diretor da 13ª regional do Sepe, Gualberto Tinoco
acredita que os dois tipos de manifestos ocorridos nas ruas possam
coexistir, pois “um tem o caráter mais incisivo, contra o capitalismo,
de quebrar banco, quebra tudo. E outro, de fazer manifestação de forma
pacífica e ordeira. Agora, nós encaramos estas duas formas de
manifestação como legítimas. E a polícia e o aparato do Estado tem que
ter políticas e medidas para atuar em uma, e na outra”.
Sobre o fato de o Sepe estar organizando entre seus
diretores uma forma de autoproteção para os docentes nas demais
manifestações, o sindicato ainda não divulgou maiores informações de
como pretende colocar este artigo aprovado na assembleia em prática,
tampouco se irá fazer uso de segurança privada durante as próximas
passeatas.
Fonte: Portal Terra
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