Na vida nos deparamos com paradoxos, contradições.
Por Siden* - 03.10.13
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Rio de Janeiro - Out/13 |
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Porto Alegre - Set/13 |
Perplexos,
assistimos a violência praticada contra os professores no Rio de
Janeiro, com o uso irracional de bombas de efeito moral, spray de
pimenta e outros artefatos. No Rio Grande do Sul, recentemente,
ocorreram episódios semelhantes.
Leio no site do SINDPROF (Sindicato dos Professores Municipais de Novo Hamburgo) que sua presidente foi transferida, no mínimo de forma equivocada e no máximo arbitrária, conforme nota de solidariedade do Grêmio dos Funcionários. Seja de forma equivocada ou arbitrária é uma atitude que, sem dúvida, atinge todos os trabalhadores.
Nesse momento é indispensável que não se poupe esforços para que o diálogo se restabeleça. A verdade é que governos estaduais e municipais descumprem leis (Lei do Piso Nacional, por exemplo) e respondem, muito deles, com autoritarismo e arrogância quando os educadores exigem seus direitos.
Vale lembrar aos que desempenham cargos no Executivo (estadual ou municipal) que nenhum governo que desrespeitou a educação passou impune. Almejar educação de qualidade e não respeitar os educadores são atitudes paradoxais, contraditórias.
Defender a democracia, lutar pela mesma, como muitos que hoje estão no poder fizeram no passado, e, agora não aceitar a crítica e negar-se a sentar à mesa de negociação é como rasgar a história em que foram protagonistas.
Por outro lado, os educadores não suportam mais as desculpas dos governos de que não têm dinheiro para a educação, enquanto para outros setores sobram recursos.
É lamentável e extremamente decepcionante ver episódios como os do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Bombas contra educadores! A perseguição a sindicalistas não tem nada de democrático.
Tais atitudes tornam-se extremamente paradoxais ao partirem de executivos, liderados pelo partido, cuja maior estrela é ex-sindicalista e foi presidente da República. Talvez seja o momento de alguns reverem seu passado e lembrar seu tempo de luta. Quem sabe isso desarmaria os ânimos e aumentaria a compreensão com os que ainda lutam!
*Siden Francesch do Amaral é Professor e Diretor Geral do 14º Núcleo CPERS/Sindicato.
http://jornalismob.com/2013/09/26/na-cobertura-de-ato-em-porto-alegre-jornaloes-enxergam-apenas-depredacoes-e-fragmentam-narrativa/
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Leio no site do SINDPROF (Sindicato dos Professores Municipais de Novo Hamburgo) que sua presidente foi transferida, no mínimo de forma equivocada e no máximo arbitrária, conforme nota de solidariedade do Grêmio dos Funcionários. Seja de forma equivocada ou arbitrária é uma atitude que, sem dúvida, atinge todos os trabalhadores.
Nesse momento é indispensável que não se poupe esforços para que o diálogo se restabeleça. A verdade é que governos estaduais e municipais descumprem leis (Lei do Piso Nacional, por exemplo) e respondem, muito deles, com autoritarismo e arrogância quando os educadores exigem seus direitos.
Vale lembrar aos que desempenham cargos no Executivo (estadual ou municipal) que nenhum governo que desrespeitou a educação passou impune. Almejar educação de qualidade e não respeitar os educadores são atitudes paradoxais, contraditórias.
Defender a democracia, lutar pela mesma, como muitos que hoje estão no poder fizeram no passado, e, agora não aceitar a crítica e negar-se a sentar à mesa de negociação é como rasgar a história em que foram protagonistas.
Por outro lado, os educadores não suportam mais as desculpas dos governos de que não têm dinheiro para a educação, enquanto para outros setores sobram recursos.
É lamentável e extremamente decepcionante ver episódios como os do Rio de Janeiro e do Rio Grande do Sul. Bombas contra educadores! A perseguição a sindicalistas não tem nada de democrático.
Tais atitudes tornam-se extremamente paradoxais ao partirem de executivos, liderados pelo partido, cuja maior estrela é ex-sindicalista e foi presidente da República. Talvez seja o momento de alguns reverem seu passado e lembrar seu tempo de luta. Quem sabe isso desarmaria os ânimos e aumentaria a compreensão com os que ainda lutam!
*Siden Francesch do Amaral é Professor e Diretor Geral do 14º Núcleo CPERS/Sindicato.
Na cobertura de ato em Porto Alegre, jornalões enxergam apenas depredações e fragmentam narrativa
O
ato chamado pelo Bloco de Lutas, na noite desta quinta-feira em Porto
Alegre, reuniu cerca de duzentas pessoas. Em frente à Prefeitura e
depois em caminhada pelo Centro até o Palácio Piratini, sede do governo
estadual, os manifestantes protestaram com algumas pautas apontadas na
evento no Facebook: Passe Livre Municipal; transporte 100% público;
desmilitarização da BM; controle público das licitações; apoio à luta
dos rodoviários; não ao ensino politécnico; pela demarcação das terras
indígenas e quilombolas; piso dos professores; não à criminalização dos
movimentos sociais.
A
cobertura online de Zero Hora e Correio do Povo praticamente abriu mão
de noticiar o protesto, Ainda que dessa vez a manifestação tenha sido
mais reduzida, que tenha havido uma predominância de integrantes do
grupo Black Bloc e que a quebra de vidros de espaços culturais apareça
como algo chocante, um relato completo sobre atos assim não pode
limitar-se à superficialidade do uso isolado de expressões como
“depredação” e “vandalismo”.
A chamada
na capa do site do Correio do Povo é “Catedral, museu e agências são
depredadas em protesto”. Em Zero Hora, “Vandalismo – Manifestantes
depredam prédios públicos, bancos e entram em confronto com a Brigada
Militar”. Em ambos, a foto de capa é de “depredação”.
A matéria
de ZH é acompanhada por duas fotografias: a primeira mostra um prédio
sendo quebrado. A outra pretende mostrar de longe a bandeira do Brasil
sendo retirada do Museu Júlio de Castilhos. O trecho da reportagem que
se refere a esse momento diz o seguinte: “Uma bandeira do Brasil,
estendida no prédio do Museu Julio de Castilhos, na Rua Duque de Caxias,
foi arrancada por um dos manifestantes. Em seguida, um grupo atirou
pedras em direção ao prédio. Um dos vidros da Catedral também foi
atingido e acabou sendo quebrado”.
Segundo um
dos manifestantes presentes no momento narrou ao Jornalismo B, há um
instante de transição entre a retirada da bandeira e o arremesso das
pedras: “Depois do pessoal sair em marcha do Palácio Piratini,
passamos pela frente do museu e algumas pessoas decidiram retirar
aqueles bandeiras do Brasil e do RS que estavam na frente de uma janela,
no alto. Dois rapazes escalaram e pegaram as bandeiras. Foi quando dois
seguranças abriram as janelas e começaram a empurrar os rapazes e usar
as armas de choque neles, que por sorte não se machucaram ao cair no
chão. Feito isso, começaram a tocar pedras na janela do museu em
resposta à ação desses seguranças”.
Outro
manifestante relatou pelo Facebook: “Subiram na sacada pra pegar as
bandeiras, os seguranças do museu atiraram com taser nos manifestantes e
a galera respondeu com pedras”. Um ex integrante da Secretaria de
Cultura afirmou, também nessa rede social, que o contrato “não prevê e
veda o uso de arma de qualquer tipo, letal ou menos-letal, para essa
instituição”.
Com armas
de choque ou não, o que aparece nos relatos é que as pedras foram
antecedidas pela atuação dos seguranças. Zero Hora não fala desse
momento, o Correio do Povo também não. Nenhum deles preocupou-se em
conversar com manifestantes. Ambos fragmentaram a narrativa, retirando
dela um ponto importante, que, se pra muitos leitores não justificaria a
quebra dos vidros, poderia conferir a complexidade necessária a uma
narrativa redonda, coerente, que não alimente estereótipos e
preconceitos nem maniqueísmos dualistas.
Na matéria
do Correio do Povo, a abertura é com o que foi quebrado, e o texto
segue assim por dois parágrafos. O terceiro, último e mais curto
parágrafo explica, finalmente, que o ato foi chamado pelo Bloco de Lutas
e que “é para lembrar os 1.000 dias do governo Tarso Genro,
classificado pelo movimento como ‘um governo de conciliação de classe,
que ataca os direitos dos trabalhadores’”, usando como referência a
página no Facebook, a mesma onde estavam as pautas que a matéria
preferiu omitir.
No site de
Zero Hora, a reportagem tem cinco parágrafos, três deles dedicados a
falar do que foi quebrado, um para dizer que “pouco antes das 21h, a
Brigada Militar (BM) dispersou a manifestação com bombas de efeito
moral”, e um para citar duas das reivindicações e listar algumas das
bandeiras presentes no ato: “Organizada nas redes sociais pelo Bloco de
Lutas pelo Transporte Público, a manifestação pedia o passe livre em
todos os ônibus da Capital e o fim do Ensino Médio Politécnico no
Estado. Entre as bandeiras carregadas pelos manifestantes, estavam os
símbolos do coletivo Juntos, do CSP-Conlutas e da Federação Anarquista
Gaúcha (FAG)”.
Durante o
ato, um repórter da Rádio Gaúcha narrava, via Twitter, o que via. De
acordo com sua narração não aconteceu mais nada além de depredação.
Fonte: Jornalismo Bhttp://jornalismob.com/2013/09/26/na-cobertura-de-ato-em-porto-alegre-jornaloes-enxergam-apenas-depredacoes-e-fragmentam-narrativa/
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