“Estamos vivendo um período de
muita repressão por parte do Governo, temos sofrido descontos de
salário, além de passarmos por assédio moral e perseguição política por
qualquer mobilização que fizemos, portanto, não é um período fácil para a
categoria, mas ainda assim temos disposição em lutar pelos nossos
direitos”, (Rejane de Oliveira - Presidente do CPERS/Sindicato)
Presidente do Cpers/Sindicato Rejane de Oliveira (Foto: Najaska Martins)
Professores
estaduais voltam a sinalizar a possibilidade de entrar em greve a
partir da segunda quinzena desse mês. A notícia foi anunciada pela
presidente geral do Centro dos Professores do Estado do Rio Grande do
Sul (Cpers)/Sindicato, Rejane de Oliveira, em coletiva de imprensa
realizada ontem (1º), em Erechim.
A
categoria tem planos de paralisar novamente reivindicando o pagamento
do piso nacional dos professores, questões previdenciárias,
investimentos em infraestrutura na educação, derrubada da reforma do
ensino médio além de questões funcionais. De acordo com Rejane, estão
sendo realizadas visitas nas escolas estaduais dos 42 núcleos do Cpers,
além de plenárias com o objetivo de ouvir as bases sobre a possibilidade
da greve.
A
presidente geral destacou que a paralisação está sendo construída
através de debates com trabalhadores de educação e comunidade escolar
para que então seja feita uma assembleia no dia 23 em Porto Alegre onde
será deliberado se haverá greve ou não. “Estamos vivendo um período de
muita repressão por parte do Governo, temos sofrido descontos de
salário, além de passarmos por assédio moral e perseguição política por
qualquer mobilização que fizemos, portanto, não é um período fácil para a
categoria, mas ainda assim temos disposição em lutar pelos nossos
direitos”, enfatizou.
Rejane
explicou que no dia 15 de julho foi entregue uma pauta ao Governo do
Estado a fim de propor negociação, porém não houve retorno. “Não
obtivemos respostas, o que prova que não estão abertos ao diálogo ao
mesmo tempo em que se mostram intransigentes quanto às questões da
categoria, então não há forma melhor de pressionar do que uma
paralisação”, disse. A presidente comentou ainda, que a greve só não foi
realizada logo após o término das férias de julho por não ter sido
consultada toda a base, mas que a partir da assembleia do último mês, os
profissionais ficaram pautados para discutir sobre a paralisação.
O
pagamento do piso nacional aos professores é um dos principais pontos
que a categoria reivindica. Rejane enfatiza que por se tratar de uma lei
assinada pelo governador do Estado enquanto ministro da justiça, a
questão se torna ainda maior. “Foi o próprio Tarso Genro que implementou
a lei do piso, então não há como aceitar que ele não cumpra com o que
prometeu. Desde o início do mandato dele não tivemos sequer um projeto
que garantisse esse direito”, ressaltou.
Além
do piso, Rejane destacou as reivindicações em relação às mulheres
trabalhadoras. “Temos uma categoria majoritariamente feminina, portanto
temos várias questões que abrangem esse público, como o abono do ponto
quando precisam fazer exames de prevenção ao câncer e licença
maternidade de seis meses, por exemplo”, comentou.
A
reforma do Ensino Médio também é uma das principais questões debatidas
dentro do âmbito pedagógico. “Queremos a suspensão do ensino médio
politécnico, porque trata-se de uma reforma que coloca os alunos como
mão de obra barata aos empresários. De um modo geral, beneficia só as
classes mais ricas”, salientou Rejane. A presidente acredita que a
escola pública precisa cumprir com um papel social de formar os alunos e
prepara-los para que possam competir no mercado de trabalho. “O
politécnico prepara estudantes para serem empregados e nunca chefes, e
está nisso o maior erro. Sem contar que foi simplesmente imposto, sendo
que nem as escolas e nem os professores puderam se preparar”.
Segundo
Rejane, a greve será uma forma de pressionar o governo para que cumpra
com os direitos da categoria ao mesmo tempo em que pede melhorias nas
escolas para que os estudantes tenham educação de qualidade. “A postura
governamental tem sido muito repressiva, decide tudo sem consultar os
principais interessados, e por isso reivindicamos a democracia nas
escolas e a possibilidade da comunidade escolar poder decidir pelo que
quer e pelo que precisa”.
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