Do UOL, em Belo Horizonte
O grupo acusado pela Polícia Civil de Minas Gerais de fraudar o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2014, aplicado nos dias 8 e 9 deste mês, teria conseguido aprovar em torno de 600 candidatos em vestibulares de medicina nos últimos cinco anos.
Segundo a investigação, a quadrilha foi classificada pela polícia como "uma sofisticada organização criminosa" que se especializou em fraudar vestibulares de medicina, com ramificação contra o Enem. Suspeitos apontados como líderes e membros do grupo foram presos no domingo passado (23), em Belo Horizonte, quando atuavam no vestibular da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais.
"Um dos líderes dessa quadrilha atua há mais de vinte anos. O outro líder, que mora em Teófilo Otoni (a 468 km de Belo Horizonte), atua há cinco ou seis anos. Existem informações de que, nesse período, só ele colocou umas 600 pessoas em várias faculdades dessa forma (fraudulenta)", informou o delegado Antônio Júnio Dutra Prado, do Grupo de Combate a Organizações Criminosas.
Prado afirmou que, pelo tempo de atuação do grupo, provavelmente já existam muitos médicos atuando na profissão que teriam conseguido suas aprovações em universidades de maneira irregular.
"Se for comprovado que ele (candidato) entrou (fraudando o vestibular), a informação vai ser encaminhada e ver qual será o entendimento do Ministério Público e do Judiciário nesse sentido", declarou Prado.
Orientações aos candidatos
O delegado detalhou como o grupo "trabalhava" previamente o candidato nas cidades onde os vestibulares seriam alvos da quadrilha. "Eles reúnem os alunos (que pagaram pelo serviço) geralmente em centros de convenções de hotéis. Reservam o hotel para todos os alunos. Em geral, são 30 ou 40 (candidatos), passam as instruções detalhadamente, (e instruem) como proceder se eles fossem pegos com os micropontos (colocados nos ouvidos para receber os gabaritos). Eles fornecem todo o suporte aos alunos", explicou.Os valores cobrados de cada um dos interessados nos serviços da quadrilha girava em torno de R$ 70 mil (vestibulares de instituições particulares) e R$ 200 mil (Enem).
O promotor de Justiça André Luís Garcia de Pinho disse que a quadrilha cobrava de entrada dez por cento do valor. O restante do pagamento era quitado após a admissão do aluno nos cursos de medicina das universidades. Pinho revelou que o grupo se empenhava até o "cliente" conseguir a vaga.
"Havia pessoas tão incapacitadas intelectualmente que zeravam a redação e eram desclassificadas", disse o promotor, afirmando que, nesses casos, a quadrilha "insistia" com o cliente até ele passar no vestibular.
"Pelo que as investigações indicam, nos concursos vestibulares que a quadrilha atuava, do total de vagas disponíveis, via de regra, de 20% a 40% das vagas seriam ocupadas pelos clientes da organização criminosa", afirmou o promotor.
Pinho também informou que as investigações não apontaram até o momento a conivência de funcionários das instituições de ensino nas fraudes.
Fonte: Uol /Educação
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